domingo, 22 de novembro de 2009

Trupe de Teatro e Pesquisa, mais de quinze anos em cena.

Vivemos em uma sociedade extremamente complexa, que se mantém vigiada em busca de segurança, que consome cada vez mais, e na maioria das vezes sem necessidade, vivemos em um dilema, o que acontecerá daqui a alguns anos quando não houver mais o que consumir? O que controlará a bestialidade em que se transformará o homem sedento de possuir? Qual será a moeda de compra e venda? Rodrigo Robleño escreveu o texto Poema do Concreto Armado no final dos anos 80, e muitas situações cotidianas foram abordadas por ele. Trata das relações humanas dentro de um contexto político, social, cultural e econômico contemporâneo, a ascensão e queda de um mártir na tentativa de quebrar o paradigma em que vive sua sociedade e seu governo. Utiliza de uma linguagem dramatúrgica fragmentada, multiplicando lacunas e criando possibilidades. Nós da Trupe consideramos que o texto nunca nos pareceu completamente finalizado, sempre esteve em processo. O espetáculo se passa em um lugar imaginário, caótico, em tempo e espaço ambíguos e não definidos, um local visualmente composto pelo lixo, que transforma as pessoas que nele habitam. O texto serviu como a linha condutora de temáticas sociais que gostaríamos de abordar, mas fomos além. Abordamos a desumanização das pessoas que se tornaram o resíduo de uma civilização, que convivem em uma sociedade que não tem mais o que consumir. Observamos personagens urbanos bem atuais como os moradores de rua e os catadores de lixo que sobrevivem nos lixões, muitos deles portadores de patologias como a esquizofrenia. Nessa construção de personagens para o espetáculo percebemos que apesar da perda da “humanidade” os seres humanos não deixam de lado seus vícios patológicos como a psicopatia na disputa por poder e a necessidade de tirar proveito do próximo, além do prazer de provocar sofrimentos físicos ao outro. Abordamos também a utilização do sexo como forma de manipulação, a constante busca pela ascensão social e financeira, a vida em uma sociedade vigiada, onde as pessoas são controladas por alguém que elas próprias elegeram, mas nem sabem por que. Temas contemporâneos e universais, que são questões simples de serem feitas, mas difíceis de serem respondidas.

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