quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

COMENTÁRIO DE RODRIGO ROBLEÑO

Yuri e todos meus amigos do Poema - em cena e fora dela. Assisti ao espetáculo no ultimo domingo e agradeço a oportunidade que, gentilmente, vocês me deram. Foi um grande presente - o maior - para esses meus 30 anos de teatro (contando meus primeiros passos como aluno de um cursinho na escola, quando ainda estava na 7ª serie). 

Queria agradecer ao Yuri, pela coragem de montar um espetáculo de um autor desconhecido, pela coragem de experimentar encenações e recuperar espaços culturais: Yuri e equipe, essa bravura merece o respeito de todos nos.

Deixando claro que não sou contra nenhum tipo de espetáculo cênico - que seja feito com respeito ao publico, claro - o que me incomoda na cena teatral belorizontina é ver uma mesmice que cansa que não possibilita a oportunidade de "variar pra variar". E "Poema" traz essa possibilidade. Mesmo que muitos não queiram ir ao teatro para levar essa "bofetada" estética, poética ou o que quer que seja ela deve existir, o braço deve estar sempre em riste para oferecer a oportunidade da catarse.

Agradeço, em especial, ao atores, TODOS, pela entrega, pela força, pela presença cênica, por oferecer ao publico toda a alma dilacerada - quer pelo texto, quer pela montagem, quer pela historia pessoal que cada um aplicou nesse espetáculo.

São poucos os comentários que eu poderia fazer sobre os detalhes que não gostei (ou não me agradaram, pois gostei de tudo), mas prefiro, agora mesmo, ressaltar a cada um de vocês, nessa sofrida luta cotidiana que é fazer teatro em BH: Obrigado, obrigado pela CORAGEM que vocês demonstram no espetáculo, e não agradeço como autor, agradeço como um espectador que gosta da provocação que vocês apresentaram.

Um abraço amigo,

Rodrigo Robleño.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

TEXTO ORIGINAL

Aqui vai o link para acessar o texto original de onde foi montado o espetáculo Poema do Concreto Armado.

http://www.4shared.com/file/157637132/86167d15/Poema_doCA_-_nova_verso.html

(ou clique no título do Post)

Para publicação ou utilização do texto favor entrar em contato com o autor pelos endereços:
www.robleno.eu
www.mundoclown.com.br

Ou pelos e-mails:
rodrigo@robleno.eu
rodrigomgbrasil@hotmail.com
rodrigofit@gmail.com

sábado, 19 de dezembro de 2009

CRÍTICA ESTADO DE MINAS - Incômodo necessário

Espetáculo da Trupe Teatro de Pesquisa, Poema do concreto armado faz retrato da desumanização contemporânea
Poema do concreto armado, da Trupe de Teatro e Pesquisa, é perturbador. O espetáculo, dirigido por Yuri Simon, consegue provocar pelo todo. Há na peça bom alinhamento de texto e encenação. O que se vê em palco-passarela é trabalho de vertigem. O texto de Rodrigo Robleño, palhaço profissional, fala, entre tantas outras coisas, sobre a desumanização do homem-consumido(r). Não é fácil receber seu desabafo. Talvez porque as verdades contidas nas entrelinhas incomodem. Ou, ainda, porque seja por demais provocador perceber-se em subtextos como: “Veja aonde você quer chegar, idiota”. Comumente, sabemos todos, o homem vira as costas para recados assim. Afinal, é mais fácil se afundar na ignorância do que se erguer no vazio.

Não é de espantar que parte da plateia perceba Poema do concreto armado apenas trabalho alternativo, meio teatro, meio videoinstalação, defendido por boa trupe. De fato, é o que encontramos na superfície. No entanto, apesar do incômodo provocado por isso, vale dobrar-se em si mesmo, em busca do eu profundo, para enxergar de fora para dentro. Pensar já não se faz necessário no mundo pasteurizado em que vivemos. Quem questiona o sistema – se incorruptível – é silenciado com a morte. Yuri Simon consegue levar isso ao seu lugar qualquer sujo e caótico.

Tecnicamente, para êxito plural e absurdo da montagem, além do espaço apropriado em Santa Tereza, a direção reuniu estrutura multimídia eficiente, com monitores e projetor de vídeo. Achatados e fragmentados na parede, ou aprisionados em tubos (ao vivo ou gravados), as personagens de Poema do concreto armado se instalam e se expõem. A trilha, com sons, músicas, ruídos e offs, ajuda na construção de clima e atmosfera. Assim como o cenário, os objetos de cena e os figurinos são bastante adequados à poesia de Robleño. Se os excessos na roupagem são positivos em Poema do concreto armado, os de interpretação enfraquecem algumas criações.

EXCESSOS Com tanta balbúrdia consistente na proposta, faz-se desnecessário, por exemplo, os olhos estatelados de Alice Corrêa, no papel de Male. Atriz de notável potencial e recurso, sua composição se apresenta por vezes externa. Simone Caldas, crível como Arthul, no papel de Fâny, erra a mão. Convincentes, ainda que em limite perigoso, estão os bons Jader Corrêa e Flávia Fernandes. Justos, por timing preciso e composição acertada, vê-se Alexandre Toledo e Edu Costa. Alexandre é ator visceral, que consegue dar cor ao silêncio. Já Edu, desdobrado, não força a barra numa vírgula. Representa com competência a sorte que ampara o herói morto.

Poema do concreto armado tinha tudo para ser apenas mais um furor criativo de trupe apaixonada por arte cênica e pesquisa. No entanto, oportuno e pertinente, coloca o dedo na ferida do que estamos fazendo de nós.

Estado de Minas - Jefferson da Fonseca Coutinho - 19/12/09

PERTURBADOR


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

REFLEXÕES ANTES DOS ULTIMOS DIAS DESTE ANO

Estamos terminando nossa primeira temporada. Nessa semana excepcionalmente só teremos espetáculos no sábado e no domingo. O curioso é que se todas as pessoas que disseram que irão comparecer nessa última semana realmente estiverem presentes, com absoluta certeza não teremos espaço. Nossos convites sempre foram amplos mas como é engrassado em BH, todos deixam para ir ao espetáculo no último dia. Conseguimos ampliar os lugares de 50 para 60, mas mesmo assim são muito poucas cadeiras disponíveis. O Ideal Club é bem pequeno.

Agora se pensarmos em nosso cotidiano em cartaz, na média de presentes nessas seis semanas em que estivemos apresentando o espetáculo, podemos dizer que o Ideal tem lugar de sobra, já que nossa média de público não foi superior a 20 pessoas (90%  formada apenas por convidados). Para alguns uma discrepância já que nossa equipe no teatro é formada por 12 pessoas.

Mas esperávamos por isso, e tínhamos essa perspectiva, o fato é que não somos um grupo famoso, mesmo tendo mais de 15 anos de estrada, temos pouca mídia, e o lugar é completamente desconhecido para 99% da população ou mesmo da classe artística. Dificilmente esse lugar geraria um público espontâneo, aquele que lê os jornais e se interessa em ir ver o espetáculo. Concluímos também que o horário das 20:00 durante a semana não é agradável a quem vai ao teatro, o transito em BH está muito intenso, ainda mais nessa época de fim de ano.

Felizmente as pessoas que tem comparecido tem gostado bastante. Poucos comentários escritos, mas muitos verbais, em sua maioria positivos, e elogios sempre são bem vindos, embora saibamos que sempre tivemos vários amigos presentes, o que pode parecer suspeito para algumas pessoas. Mas percebemos também a reação das pessoas na platéia, o susto inicial ao se entrar na área cênica e dividi-las com os personagens, os olhares curiosos para tosdos os cantos da cena, gargalhadas em momentos precisos, lágrimas de algumas mães ao final do espetáculo, e o mais interessante, muita gente muda, sem saber o que dizer. (O que nos deixa na dúvida se o espetáculo atingiu seu objetivo, ou se foi tão ruim para alguns que esses preferiram ficar calados.)

Sabemos que não agradamos a todos, mas esperamos que quando as críticas dos jornalistas vierem, se vierem, digam pelo menos que nosso trabalho é sério, comprometido, e bem feito, agradando ou não ao gosto de cada um. Vale lembrar as palavras utilizadas pelo Jefferson da Fonseca em seu Blog “Perturbador o ‘Poema do concreto armado’, da Trupe de Teatro e Pesquisa”.

Mas emocionante para nós que fazemos parte do grupo foi contar com a presença de nosso mestre Ítalo Mudado na platéia, e da sua vibração entusiástica ao fim do espetáculo, o que nos deixou realmente comovidos.

Nessa semana teremos a honra de contar com a presença do autor que está de férias no Brasil. Veremos qual a reação dele ao ver o texto encenado.

Em breve voltaremos na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança 2010.

Agora de quinta a sábado 21:00 e domingos as 20:00.