sexta-feira, 9 de julho de 2010

UMA PEQUENA ANALISE CRÍTICA DA CENOGRAFIA

É uma peça escrita por Rodrigo Robleño com direção de Yuri Simon e cenografia de Heleno Pollisseni que trata das relações humanas em um futuro não muito distante. Abordando questões como consumismo, cultura, economia e política, o espetáculo retrata as neuroses e conflitos de uma sociedade contemporânea que tem suas bases no ter e no poder como arma de manipulação dos indivíduos.

O autor nos incita a refletir sobre o que consumiremos depois de tudo ter sido consumido. Tendo como personagens pessoas do cotidiano de uma cidade que pode ser qualquer uma em qualquer tempo, a trama nos envolve em um clima de angústia e introspecção nos direcionando o olhar para aqueles que muitas vezes passam invisíveis por nós nas ruas de nossa cidade. Todo esse clima foi muito bem trabalhado pela cenografia que proporcionou uma ambientação sombria e intimista.

Os personagens desfilam por uma passarela de madeira situada no centro do teatro e cenas concomitantes acontecem em nichos nas extremidades do espaço. Ao mesmo tempo, outros atores passam pela plateia que é disposta lateralmente ao longo da passarela. São utilizados jornais, garrafas plásticas, caixotes simbolizando o resultado final de nosso consumismo desenfreado. Um andaime pode ser visto em um dos cantos do teatro formando um plano mais elevado, o que, em conjunção com a cena nele transcorrida, nos dá a nítida sensação de devaneio e deslocamento temporal.


Ao fundo do espaço pode-se ver uma projeção na qual um personagem virtual interfere na trama. Esse recurso dá, de forma brilhante, a exata noção de como a sociedade pode ser manipulada tendo como ferramenta sua própria ambição, por pessoas nas quais ela confia suas vidas sem nem mesmo conhecê-las. Esse artifício, ainda, traz o distanciamento das relações entre as classes sociais e o poder econômico e político como peça fundamental de negociação dessas relações.


Apesar de ser uma cenografia do ponto de vista estrutural, simples e nem tão dispendiosa, está em total harmonia com o texto e o figurino e, definitivamente, atua de maneira fundamental para o clima de reflexão que o espetáculo requer de nós. Pode-se ainda dizer que, nesse caso, a cenografia é decisiva para compreensão desse espetáculo no mínimo perturbador.

Cristina de Oliveira Gomes Barbosa
7° Período de Design Gráfico 
Escola de Design - UEMG
Disciplina Optativa de Cenografia

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