quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A ocupação de espaços alternativos e a relação com o público.


Através de tantos exemplos que podemos constatar na cidade, a utilização de um espaço alternativo para criação de um espetáculo, que no passado era uma proposta cênica existente apenas nas experiências isoladas das vanguardas artísticas, algo que era realizado talvez para um público muito específico, atualmente é concreta e totalmente aceita dentro do sistema teatral. Mas, devido à predominância do palco italiano, para um grupo de teatro, ainda é uma experiência nova, por menos inovadora que possa ser a realização de um espetáculo em um espaço alternativo. A utilização de espaços alternativos faz parte do amadurecimento da possibilidade dramática do espaço e do próprio grupo. A idéia recorrente de que o espaço possa falar, pois ele é responsável pela relação estabelecida com o espectador.

Uma das características mais interessantes para o grupo que se utiliza de um espaço alternativo é a existência de uma grande diferença comportamental do espectador em relação a quando este vai a um teatro convencional, com a separação de palco e platéia, e com frontalidade da cena. No espaço alternativo o espectador não sabe o que esperar da cena, dos acontecimentos que ocorrerão a sua volta. Não existe uma relação pré-estabelecida que o deixe preparado. O conforto e a segurança da poltrona disposta à frente do palco desaparecem e a relação entre o espectador e a obra se torna inusitada e a todo o momento surpreendente. Em muitas opiniões o trabalho do teatro imediatamente contemporâneo consiste em mudar eventualmente o lugar cênico, em fazer teatro em toda parte e nos lugares que talvez passem a idéia de serem menos feitos para isso, os espaços alternativos.


(Fragmento retirado do texto de dissertação não concluído, realizado por Yuri Simon, cujo tema era a ocupação de espaços alternativos.)

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